Um silêncio de cristal
Se partiu na voz de um galo
No missal da noite grande
Com garganta de badalo
No mesmo ritual pagão
Que ainda teimo em cantá-lo.
E tudo então recomeça
Aos olhos da primavera
Amanhecida de ausência
Florindo um tempo de espera
Na borboleta pousada
No que restou da tapera.
Um vôo liberta o ninho
Para cantar na taleira
Um berro de vaca mansa
Vem acordar a mangueira
A alma retorna à estância
Numa constância campeira.
É o sol, a luz, esperança
Que tanto queremos tê-la
A D’alva teima em ficar
Adornando pontesuelas
Vicejam vozes do mundo
Pela mudez de uma estrela.
Florão de céu se agiganta
Como refrão nesta hora
De uma saudade orvalhada
Como lágrima de aurora
E um sol refletindo luz
No cabrestilho da espora.